Castillo tentou um autogolpe e levou um golpe do Peru, comandado por ninguém menos que a filha do ex-ditador Alberto Fujimori.
É estranha a forma como a imprensa brasileira está tratando a questão peruana. Trata de um ângulo só, o ângulo que lhe interessa e interessa às elites nacionais, que de maneira sub-reptícia aproveita o mote para reoxigenar o debate escroto sobre o Foro de São Paulo.
Na verdade, Castillo não conseguiu pacificar o país, que vem de conflitos políticos e sociais muito graves, principalmente após a promulgação da Constituição de 1993, que tornou urgente a criação de um novo contrato social em que prevalecesse os interesses do povo e não de grupos. Isso não foi feito e a crise interna só se agravou.
Pedro Castilho foi eleito com a perspectiva de mudar o quadro, assumindo o protagonismo na formulação do pacto. Mas fracassou. E em fracassando, desandou a maionese. E ao desandar a maionese, ficou sem respaldo político , foi impichado e tentou dar um autogolpe. Acabou preso.
As acusações contra o governo de tão curta duração é de corrupção, porque é sempre pela via da corrupção que as crises de credibilidade do governante se instala. Mas no caso peruano, some-se a isto, a questão ideológica, que apressados analistas brasileiros já trataram de fazer contextualizações descabidas.
Só uma informação básica e fundamental, que o noticiário da mídia brasileira vem omitindo : o processo de impeachment foi comandado pela líder da oposição, a direitista Keiko Fujimori (filha do ditador Alberto) , que perdeu as a eleição presidencial para Castillo em 2021.