Depois do Senado aprovar o Projeto de Lei da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, virá o debate sobre o fim da jornada 6 x 1. O próprio presidente Lula deve encabeçar a discussão, que já ganha força no mundo do trabalho. Era de se esperar que o setor empresarial brasileiros fosse questionar a redução , com a falácia de que ela aumenta os custos das empresas e reduz a competitividade. Vamos lembrar que quando o presidente João Goulart transformou um abono voluntário em 13º salário no início dos anos 60 o mundo veio abaixo. O empresariado dizia que o setor empresarial ia quebrar, o Brasil ia quebrar. O que se vê hoje é o 13º salvando melhorando a economia todo fim de ano.
Quanto ao fim da jornada 6 x 1 (6 dias de trabalho por 1 de descanso), seria a pá de cal em uma era de exploração do trabalho que, evidentemente, garantiria um maior equilíbrio na vida profissional de homens e mulheres, que assim, poderiam passar mais tempo convivendo em família. O governo estuda compensações para as empresas, que poderão reduzir custos, por exemplo, com o transporte de seus funcionários, já que paralelamente à fixação de uma jornada menor, no caso de 36 horas semanais, poderá ser implantada em todo o país o a tarifa zero no transporte coletivo urbano.
Transporte gratuitos em ônibus e metrôs não é novidade no Brasil, onde algumas cidades já passam pela experiência com sucesso. É o caso de Maricá (RJ) e Teresina (PI), administradas pelo PT. Some-se a este fator de compensação o da produtividade, tanto no comércio quanto na indústria. Aliás, a Organização Internacional doTrabalho aponta a redução de jornada como de fundamental importância para melhorar a produtividade, reduzir acidentes e equilibrar melhor a vida profissional e pessoal.
O ministro Flávio Dino, do STF, diz que “não existe irresponsabilidade fiscal maior do que a precarização do trabalho humano, porque isso vai produzir um déficit inadministrável na seguridade social, que se manifesta pela via do crescimento do número de BPCs e pelo inchaço do SUS”. Fica claro que na medida em que a pobreza avança, os custos sociais explodem, atingindo todos os setores, inclusive o produtivo. E se o sábio Leonel Brizola já dizia que a educação não é cara, cara é a ignorância, é o caso de se concluir: “a saúde e o bem estar da população não é cara, caras são a doença e a injustiça social”.
