As imagens, cada vez mais chocantes, de crianças esqueléticas, mostram claramente que entre os projetos em andamento até 30 de outubro estava o do extermínio do povo Yanomami. Isso vai acabar parando no Tribunal Penal Internacional, que tem poder para condenar e prender indivíduos suspeitos de crimes contra os direitos humanos. Só lembrando que o Brasil é estado-membro desse tribunal que prevê até prisão perpétua para casos de genocídio.
Todos que votaram no Bozo estão com as mãos cheias de sangue, principalmente os adeptos da seita evangélicos pentecostais de satanás.
Um genocídio não se improvisa.
Todos nós sabemos quem são os responsáveis pelo genocídio e, igualmente, quais são os interesses escusos e perversos acionados para justificar a política de morte de Bolsonaro e seus cúmplices.
As imagens e notícias sobre centenas de Yanomamis, incluindo bebês, crianças e idosos, desnutridos, condenados à morte pelo abandono das autoridades e vítimas de violências perpetradas à sombra, quando não com a conivência, de instituições que deveriam garantir sua segurança, correram o mundo na última semana.
Os corpos famélicos fazem lembrar as muitas tragédias que atravessaram o século 20 e cuja memória alcança o nosso ainda jovem século 21. Em sua conta no Twitter, o Instituto Brasil-Israel escreveu: “Sim, estamos fazendo comparações com campos de concentração. Devemos usar o Holocausto como um exemplo que jamais deve ser seguido. Infelizmente, parece que parte do mundo não
aprendeu o verdadeiro significado de ‘nunca mais’”.
Não é exagero, nem traição à semântica. A catástrofe humanitária dos Yanomamis e dos demais povos indígenas, deve ser chamada pelo que é: genocídio. E um genocídio não se improvisa.
Desde o início do governo Bolsonaro, e de maneira mais enfática nos últimos dois anos, órgãos de imprensa independente, como o Amazônia Real e a Agência Pública, denunciam a violência que se abateu sobre as comunidades indígenas na Amazônia.
Em seu relatório “As veias abertas”, publicado em setembro do ano passado, a associação De Olhos nos Ruralistas fez um balanço assustador desse último quadriênio. Durante a gestão Bolsonaro, o garimpo de ouro e estanho em terras Munduruku, no Pará, aumentou 334%. Nos territórios Yanomami no Amazonas e em Roraima, o aumento foi de 328,6%.
Ao longo do mandato, o agora felizmente ex-presidente publicou oito decretos que beneficiavam pequenas e médias mineradoras e facilitavam a grilagem de terras e o garimpo ilegal.
A peça-chave da política de destruição e morte de indígenas, no entanto, era o PL 191/2020, cuja intenção era liberar, definitivamente, a mineração em terras indígenas. Apesar de ter sua urgência aprovada pela mesa diretora da Câmara a pedido do governo, em março do ano passado, o PL estagnou depois de forte pressão das comunidades indígenas e entidades ambientalistas.
São muitas as responsabilidades e muitos os responsáveis pelo genocídio em curso. As forças armadas; o general e ex-vice-presidente Hamilton Mourão, senador eleito pelo Rio Grande do Sul; o ex-juiz, ex-ministro da Justiça e senador eleito pelo Paraná, Sérgio Moro; a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, pastora e senadora eleita pelo DF, Damares Alves; o ex-ministro do Meio Ambiente e deputado federal eleito, Ricardo Salles, que defendeu aproveitar a pandemia para “passar a boiada” e mudar o regramento ambiental; a Polícia Federal; os dirigentes do Ibama; os oficiais do Exército que tomaram de assalto a Funai; a bancada ruralista no Congresso Nacional.