O presidente Lula não tem dúvida, e eu tenho cá, modestamente, as minhas certezas, de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não tem nenhum interesse em baixar a taxa Selic. O governo pediu a ele que participasse do esforço para baixar os juros, como forma de abrir caminho para a volta do crescimento, e Neto respondeu com a manutenção dos 13,75 % e ameaça de revisar para cima na próxima reunião do Copom (Conselho de Política Monetária). Lula entendeu isso como provocação e apesar do presidente do BC ter seu mandato até 2024, decidiu entrar de sola contra a independência do banco, estabelecida no governo Temer e com aval do Congresso Nacional.
De certa força a independência tem lá suas vantagens, que Lula precisa reconhecer. Imagine o Banco Central dependente durante a campanha de 2022. Bolsonaro teria, certamente, reduzido a zero na porrada, a taxa Selic , como um instrumento a mais para viabilizar sua reeleição. Teria sido um desastre. Por outro lado, essa resistência de Campos Neto em trabalhar por uma taxa de juro menos selvagem, não podia provocar no presidente recém empossado outra reação que não essa.