A chapa vai esquentar
A bancada bolsonarista na Câmara vem há tempo forçando a barra por uma CPI para investigar a quebradeira de 8 de janeiro. O governo vinha tentando evitar, por entender que o objetivo é mudar a narrativa da tentativa de golpe, cravando no imaginário popular uma infiltração esquerdista que não houve.
Ante da impossibilidade de evitar que a comissão se materializasse, o Planalto decidiu dobrar a aposta. Agora a bancada governista no Congresso trabalhará para provar o envolvimento direto de Jair Bolsonaro no ataque feroz às instituições democráticas. Isso começa a esfriar o ímpeto do bolsonarismo, que de acordo com alguns colunistas políticos que atuam em Brasília , já ensaia uma espécie de “direita, volver!”. Mas parece ser tarde, porque já está decidido que será uma comissão envolvendo as duas casas (Câmara e Senado). A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito deve mesmo ser instalada.
O jogo segue agora em torno da escalação dos nomes, tanto da situação quanto da oposição. Bolsonaro quer na linha de frente, parlamentares como seu filho Eduardo, o aliado de todas as horas, Magno Malta. O governo brigará pela presidência e relatoria da CPMI. E entre os nomes do seu time, escala os senadores Omar Azis e Renan Calheiros e os deputados Lindeberg Farias e Guilherme Boulos. O bicho vai pegar.
Anote aí: essa CPMI vai ser o maior tiro no pé dos neonazistas do Congresso. Quando entrar em campo o time da CPI da COVID, vai sobrar para os verdadeiros agentes que tocaram o terror no 8/1 — os bolsonaristas e os Bolsonaro.
Flavinho da rachadinha não assinou. Damares da goiabeira não assinou. Astronauta da Terra Plana não assinou, estão com medo da CPI.
Grana curta e a mídia bolsonarista se atraca pelas pouca gotas de sangue que sobraram. CNN e Jovem Pan seguem disputando os “órfãos” do fascismo moreno. O fato da CNN Brasil ter coberto o rosto dos militares bolsonaristas na fita divulgada, já mostra o quão baixo eles estão dispostos a ir. Tudo isso se deve a impunidade disfarçada em liberdade de expressão. Se estas duas vertentes do bolsonarismo tivessem sentido o peso da lei, fake news e desinformação, elas estariam agora mais cuidadosas.