Cena de um país ainda contaminado pelo ódio

Um homem, certamente faminto, pediu uns trocados para comprar pão. Não gosto de dar esmola, mas não tinha como ficar indiferente e mesmo sabendo que não iria resolver em nada o drama dele, tirei R$ 5,00 do bolso e dei na mão daquele morador de rua. Atrás de mim, um senhor bem vestido e balançando a chave de sua caminhonete,  olhou com desdém para aquele pobre miserável e enquadrou: “Por que não faz  o L?”. Eu entendi o recado, mas achei melhor ignorar, porque é assim que se reage à ignorância. Mas um rapaz que passava ao lado não pensava como eu. E soltou sua indignação:  “E o senhor, respire fundo, faça o 22 e vá se foder”.