A extrema-direita se posiciona contra o Foro de São Paulo, uma organização de partidos de esquerda fundada por Lula em 1990. O Foro vai se reunir em Brasília a partir de amanhã, depois de três anos. A diretriz é de que cada país define seu regime politico, mas o que os une é a luta contra o imperialismo e o neoliberalismo. O bolsonarismo se vale desse encontro para satanizar a esquerda e oxigenar o discurso de ódio, usando a velha cantilena da ameaça comunista no país. A deputada Carla Zambelli foi ao MPF tentar impedir o evento. “É incabível o nosso país aceitar representantes que violam os direitos humanos e são investigados na ONU”, disse, chamando o encontro de aberração.
Por que será que ela nunca achou aberração a defesa enfática que Bolsonaro sempre fez do torturador e exemplo máximo da degeneração humana, Carlos Alberto Brilhante Ustra? Por que será que Zambelli celebrou e até posou para fotos com Beatrix von Storch , líder do AfD, o partido nazista alemão, recebida por Bolsonaro com tapete vermelho no Palácio do Planalto? Só lembrando que o avô de Beatrix , que teve no Brasil tratamento de chefe de estado, foi ministro de Hitler. Por acaso, não foi a agora defensora dos direitos humanos que saiu correndo atrás de um negro com uma pistola em punho no centro de São Paulo durante a campanha eleitoral de 2022?
Ora, ora, criminalizar o debate político-ideológico , seja ele de esquerda ou de direita, é uma sandice. E tentar demonizar o Foro de São Paulo é reforçar a correia de transmissão do ódio, alimentada durante quatro anos pelo mito. Como indagaria em tom de blague um personagem do impagável Chico Anysio: “Quem és tu Coriolana?”