Há meio século um portuguesinho arretado se abraçou a mim e cantando Grândola Vila Morena, choramos juntos.
Hoje faz 50 anos, que numa manhã de sexta-feira me surpreendi com o Mini Chico entrando na redação da sucursal da Folha de Londrina e cantando com lágrimas escorrendo pelos olhos a canção de Zeca Afonso, hino da Revolução dos Cravos. Não entendi direito o que estava acontecendo, quando sintonizamos a Rádio Tupi para ouvir o noticiário internacional. A notícia era exatamente sobre a entrada das tropas do general Spínola em Lisboa, decretando o fim de 41 anos da ditadura salazarista.
Mini Chico, uma fera do jornalismo agrícola, veio de Portugal com seus pais, fugindo da ditadura de Antônio Salazar. O Brasil também vivia uma ditadura, mas a família do Chico e do Germano, outro grande jornalista que por aqui passou, conseguiu se instalar e se estruturar em Maringá. A Revolução dos Cravos marcou a história de Portugal e como alguém que viveu aquela emoção abraçado a um imigrante português, me arrepia ouvir de Chico Buarque:
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim”