É claro, muito claro, cristalino, mas a classe média não se apercebeu ainda, que o estado de bem-estar social é um grande empecilho para o avanço do neoliberalismo, e por conseguinte, do aprofundamento da concentração de renda no país, que também lhe afeta. Como a classe média vive no aperto mas com hábitos e costumes que se aproximam mais do rico do que do pobre, fica fácil entender porque o grosso da população vive assustada com o fantasma do comunismo que, vamos combinar, só existe no discurso da ultradireita. E na esteira dessa sandice que beira o ridículo , está o preconceito ideológico. Não chego a definições extremadas como a filósofa Marilena Chauí, mas devo concordar que a classe média “é uma abominação cognitiva, porque ela é ignorante”.
Não importa quem é o presidente da república, se Chico, Mané ou Astrogildo. Importa é o compromisso social que historicamente ele tem. O simples fato de defender políticas compensatórias coloca o presidente da república na linha de tiro da elite, como já colocou em passado não muito distante. Vide casos de Getúlio Vargas e João Goulart e mais recentemente, de Dilma e do próprio Lula, tirado das eleições de 2018 por um juiz que depois virou ministro do presidente que ele ajudou a eleger. Diante de coisas como essa como age a classe média? Age arremessando seus bumerangues, que vão e voltam, atingindo-lhe a própria cara.