Maringá e as contradições do desenvolvimento urbano

A Zona 2 era tida até alguns anos atrás  como o bairro mais sofisticado de Maringá. A parte à direita da Av. Cerro Azul para quem vai em direção ao centro, é onde morava o PIB da Cidade Canção. Ali estavam as casas mais sofisticadas e  o glamour pedia passagem. Hoje,  quem transita pelo bairro  percebe logo que a Zona 2 perdeu a pose, virou um aglomerado  de casarios abandonados, que nem podem ser tombados pelo patrimônio histórico  posto que os imóveis outrora luxuosos são de arquitetura comum.

O que aconteceu com a Zona 2? Ocorre que os seus moradores tradicionais envelheceram, muitos já se foram para o andar de cima e os filhos e netos preferem morar em prédios de apartamentos, por comodidade e mais ainda por medida de segurança. Há uma lei municipal incorporada ao Código de Postura  que proíbe a construção de prédios naquela região. Nem mesmo na Cerro Azul são permitidas edificações com mais de seis pavimentos. O máximo que um proprietário consegue é reformar sua casa, porque se demolir, não pode erguer nada no terreno. Isso devido à luta histórica (e aguerrida) da associação de moradores, que ainda existe e salvo engano, continua sob o comando da ex-colunista social Irma de Oliveira.

Diante desse quadro de abandono dos casarões, a dedução lógica é que o mercado imobiliário aguarda o fim das limitações legais ali existentes para entrar de sola naquele filão com novos empreendimentos. Um morador antigo me disse um dia desses, que muitas daquelas mansões atualmente abandonadas, já foram adquiridas por grandes imobiliaristas , que vislumbram nuvens de $ifrões  sobrevoando, sobretudo  a região do Maringá Clube.

A Zona 2 é apenas um exemplo a mais na contradição do desenvolvimento urbano, que atingiu em cheio também a região central de Maringá. Sem um projeto de revitalização que o mantenha ativo , o outrora chamado quadrilátero central de Maringá vai aos poucos perdendo a sua essência.,