A briga só existe porque eles afirmam que nós estamos contra eles, quando ninguém desconhece que eles é que estão contra nós. (Millôr Fernandes)
Qual é a cor do queijo?
“O governador Ratinho Junior não pode reclamar. Ao contrário do presidente Lula, que tem de abraçar e abrir espaço para o Centrão a fim de poder governar, a dificuldade maior do paranaense e ter de organizar a disputa entre seus apoiadores, aqueles que estão de olho na sucessão e nas duas (ou três) vagas no Senado. Piloto de rolo compressor, até nisso Ratinho Junior não tem dificuldade de aprovar tudo o que quer, mesmo porque a oposição é pequena e não consegue nem ver o “queijo” que alimenta o poder”.
Zé Beto, em seu blog
Dinheiro não é problema
Um salário de R$ 41.600,00 pelo cargo de presidente de honra do PL; uma aposentadoria de R$ 11.950,00 como capitão aposentado do Exército e outra aposentadoria de R$ 30.000,00 pelos mandatos de deputado federal que exerceu ao longo de 28 anos. Total: R$ 83.550,00. Nada mal, né?
O Sr. do agro
“Ricardo Barros abre empresa de fertilizantes após liderar governo Bolsonaro na crise dos fertilizantes”. É o título de uma reportagem do portal The Intercept Brasil que revela como o deputado e líder do governo Bolsonaro na Câmara defendeu interesses do setor em que, agora, atua como empresário. Barros é, desde o ano passado, o homem dos fertilizantes. Ele abriu uma empresa do ramo chamada Juazeiro Fertilizantes e Agronegócio, olha só, na zona rural de Juazeiro, na Bahia. Mas a empresa de fertilizantes não foi a única aberta por Barros durante o seus mandatos como deputado federal.
“Hoje empresário do ramo, Barros tentou abrir caminho para seu futuro negócio ao liderar a bancada bolsonarista na aprovação do requerimento de urgência ao Projeto de Lei 191/2020, que visava permitir a mineração em terras indígenas. Na época, o então deputado afirmou que a medida seria fundamental justamente para “garantir fertilizantes para o nosso agronegócio” por meio da exploração das reservas de potássio”.
Não por obra do acaso, Barros abriu dois dias depois de ser nomeado líder do governo na Câmara, uma empresa no Paraná – a RC6 Mineração que passou a compor o quadro societário da Sulpar Mineração, com sede em Marabá , cidade paraense marcada pela extração ilegal de manganês , pelo desmatamento e pela grilagem. Diz o Intercept que Ricardo Barros também é sócio de outras empresas, entre incorporadoras, consultorias e até uma locadora de veículos, conforme dados levantados pelo repórter Paulo Motoryn.
Uma escola para poucos. Isso é o que é
O ministro Camilo Santana, da Educação, rebate as criticas da direita brasileira, de que o governo federal acabou com as escolas cívico-militar unilateralmente, colocando a extinção (que não existiu) na conta de uma ideologia esquerdista, também inexistente num governo de coalisão e tão plural quanto este.
Os fatos reais são os seguintes, segundo Santana: existem no país 202 escolas cívico-militar, criadas por decreto do ex-presidente Bolsonaro, sem nenhuma discussão com a comunidade escolar e sem consulta aos especialistas em educação. Apesar disso, não há extinção, o MEC não revogou o programa, apenas tirou esse modelo de educação pública da prioridade nacional.
É bom saber que a União vinha repassando muitos recursos para as Forças Armadas pagarem monitores, que só inspiram confiança em 0,28% dos pais de alunos, de acordo com pesquisa feita ainda em 2022 pelo Datafolha. Quanto à posição de governadores que querem manter tais unidades escolares em seus estados e até ampliá-las, como é o caso de Ratinho Júnior, no Paraná e Tarcísio de Freitas, em São Paulo, o ministro foi claro numa audiência pública na Câmara dos Deputados: “Não sabemos ainda o que vamos fazer com as escolas existentes, mas os governadores que quiserem continuar com elas, que fiquem à vontade, pois afinal de contas, os estados têm autonomia”.
Um caminho que podemos trilhar juntos
Tenho um compromisso orgânico com a informação de qualidade, análises sempre respaldadas nos fatos e com a imparcialidade que caracteriza não o meu, mas o trabalho de qualquer jornalista digno da profissão que exerce. Este blog não foi criado para satisfazer a vaidade do blogueiro, mas para se somar às páginas do jornalismo independente que, a despeito de todos os contratempos, segue firme na defesa da democracia e dos valores éticos e morais da profissão que abracei há pouco mais de meio século. Não vivo do blog, mas preciso investir nele, a fim de torná-lo uma página cada vez mais atraente para os que me dão a honra de acessá-la. Por isso, estou tentando trilhar o caminho que trilham hoje vários portais independentes, que é o da contribuição voluntária, única forma de tornar viável este projeto.
Obs: em breve colocarei aqui um baner com a chave PIX
Se é assim, é assim que é
Jovens educados na escola pública dentro de preceitos cívico-militares, obedientes, dedicados, patriotas, verdadeiros soldadinhos de chumbo. O regimento disciplinar molda o comportamento do aluno e vai além do território escolar. O ambiente da escola transformado em quartel é incompatível com o debate, com o questionamento, com a insubordinação cívica (não confundir com insubordinação criminosa, que essa sim é caso de polícia).
A escola cívico-militar cria os chamados “líderes de turma”, que também podem atender pelo nome de “delatores mirins”. É um ambiente de quartel, onde todos se vestem igual, se comportam igual. Afinal de contas, estão ali para estudar e obedecer. Formar cidadãos com consciência crítica, isso é outro papo.
Mais um EX no curriculum?
Informa Cláudio Osti (Paçoca com Cebola) que Roberto Requião, “ex-prefeito de Curitiba, ex-deputado, ex-governador e ex-senador, está a um passo de ser mais um ex, agora ex-petista”. Requião sente-se desprezado pela cúpula do PT e não pensará duas vezes para aceitar o convite da ministra Marina Silva para assinar ficha na Rede.
Na pauta do mês que vem
O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná deve colocar na pauta de agosto o julgamento do processo que corre contra Sérgio Moro, por abuso do poder econômico na disputa eleitoral de 2022. Especialistas em direito eleitoral apostam na cassação do mandato do senador, que para se eleger teria usado recursos provenientes do Podemos para bancar despesas da campanha que ele fazia por outra legenda. Se a cassação se confirmar haverá uma eleição extra para preencher a vaga. E desde já, temos uma fila de candidatos, entre eles: Ricardo Barros, Roberto Requião, Gleisi Hofmann e Paulo Martins.
A escola cívico-militar e o Analista de Bagé
Todo mundo concorda que o professor não pode ensinar e o aluno não consegue aprender em um ambiente permissivo, com elevados índices de indisciplina. Mas isso, por si só, não justifica a imposição de uma disciplina militar como projeto pedagógico em uma sociedade que está doente, que precisa de cura e não de paliativo à dor. Quando se fala em educação, o debate tem que ser profundo e envolve questões que vão muito além da incivilidade que vem contaminando o ambiente escolar. Se a escola pública carece de paz, não é a pedagogia da caserna que trará essa paz. Pra mim, a escola cívico-militar traz em seu bojo a lógica do Analista de Bagé, onde tudo pode ser resolvido com a terapia do joelhaço.



