Sérgio Moro saiu do Ministério da Justiça acusando o presidente Bolsonaro de interferir na Polícia Federal, com insinuações de que tais interferências tinham o objetivo de proteger o presidente e seus filhos de investigações em curso. Moro foi o juiz que condenou Lula, colocando-o na cadeia e inviabilizando a candidatura do ex-presidente em 2018. Agora ele declara apoio a Bolsonaro no segundo turno sob a alegação de que ambos tem em Lula um inimigo comum. Quanto ao apoio, é legítimo, mas por que usar esse argumento que só serve para fomentar o clima de ódio? Aliás, Moro e Deltan Dallagnol vão na mesma linha, a da pregação da incivilidade.
Messias
Estou torcendo por isso
O gesto do prefeito Ulisses Maia plantando uma árvore no canteiro central da Avenida Jinjoku Kubota pode ser o pontapé inicial de uma jornada de reposição de árvores cortadas em toda Maringá. Ao ver a foto fiquei com a sensação de que deixaremos de correr o risco de transformar Maringá de Cidade Verde em Cidade dos Tocos.
Faxina eleitoral
Um lado positivo dessa eleição foi o número de políticos carimbados que não conseguiu lograr êxito nas urnas, embora outros tantos que deveriam voltar pra casa, continuaram nas casas de leis. No caso específico do Paraná o eleitor surpreendeu candidatos que esperavam bombar nas urnas e ficaram pelo caminho. O caso mais emblemático foi o do ex-governador Beto Richa, que ficou na primeira suplência do PSDB e só assume uma cadeira na Câmara Federal se o TSE mantiver a decisão do TRE de anular os votos do ex-prefeito de Ponta Grossa Jocelito Canto. Também “dançaram” Flávia Francischini e Álvaro Dias. Outros dinossauros da política paranaense que se deram mal: Plauto Guimarães, Gustavo Fruet, Michele Caputo, Luiz Carlos Hauly, Luiz Carlos Marins e Nelson Justus. Dr. Batista, deputado maringanse de dois mandatos também ficou fora. No caso de Batista (bate coração) , sua não reeleição se justifica pelo esgotamento do voto da gratidão, que era o que vinha garantindo seu sucesso eleitoral.
Uma paulada no racismo
A Assembleia Legislativa acaba de aprimorar os mecanismos de combate ao racismo no Estado, ao atualizar a Lei 14.938/ 2005 e criar o programa SOS Racismo no Paraná. As penalidades administrativas serão mais severas contra a prática de ato discriminatório por motivo de raça ou cor. O interessante da lei agora reformada é que ela pega na parte mais sensível do corpo humano: o bolso. O crime de racismo, que já é enquadrado em lei federal, implicará em multa superior a R$ 12 mil.
Um câncer a ser extirpado
A eleição, sobretudo a presidencial, tem que ser um espaço para os candidatos debaterem os problemas do país e dizerem claramente ao eleitorado o que pretendem fazer para mudar a situação, quando ela é caótica como ocorre agora. Portanto, não se pode aceitar o uso de fake news, por meio de disseminação de vídeos manipulados com a finalidade de desqualificar, e em alguns casos, até satanizar, candidato A ou B.
Quando a baixaria se dá na área religiosa e de costumes, aí então torna-se muito mais grave. Esse desserviço à democracia precisa ser combatido com vigor, um vigor que o TSE ainda não demonstrou e que por enquanto está apenas no discurso duro do presidente Alexandre de Moraes.
Bolsonaro em reunião da maçonaria e Lula em pacto com o demo? As imagens do atual presidente numa solenidade de maçons são reais, mas e daí? Qual o problema? A pauta que o Brasil precisa ver discutida não passa por questões religiosas e muito menos de costumes. Mas é extremamente grave e caso de polícia, o vídeo que falseia um pacto de Lula com o coisa ruim. Além de criminoso, este vídeo é a expressão máxima da canalhice. A fake, seja de que lado for, para atingir quem quer que seja, é sem dúvida, o câncer dessas eleições.
Desqualificação perigosa
Há um bombardeio pra cima das pesquisas por não apontarem o crescimento de Bolsonaro, que estava na faixa de 36% e terminou com 43%. A virada ocorreu no sábado e tinha eleitor decidindo em quem votar só na hora de sair para a sua sessão eleitoral. Mas já na sexta-feira os institutos detectavam um movimento de indecisos e de eleitores de Ciro e Tebet em processo de migração para um dos dois candidatos da ponta.
Portanto, essa desqualificação das pesquisas é injusta e perigosa, porque a rigor, o único mecanismo de que a população dispõe para não chegar ao dia da eleição feito biruta de aeroporto é exatamente a pesquisa. O que considero erro grave dos institutos são as avaliações de governador e senador em vários estados. Aí sim, houveram erros inaceitáveis, que precisam ser corrigidos.
Desacreditar as pesquisas é absurdo
Há um bombardeio pra cima das pesquisas por não apontarem o crescimento de Bolsonaro, que estava na faixa de 36% e terminou com 43%. Ocorre que a virada ocorreu no sábado e até a caminho da urna tinha eleitor decidindo para quem votar. Havia o voto envergonhado em Bolsonaro e também o envergonhado e temeroso em Lula. O massacre para cima dos institutos é um desserviço à democracia e faz parte de uma estratégia contra as sondagens neste segundo turno. Mas vai ser difícil evitar que Data Folha e Ipec, por exemplo, comecem já esta semana a divulgar pesquisas de segundo turno. Aliás, a primeira deve sair nesta quarta (IPEC) e na quinta a do Datafolha.
Barros quer ferrar os institutos
Ricardo Barros quer ir pra cima dos institutos de pesquisa, porque erraram feio na semana do primeiro turno da eleição presidencial. “O histórico de erros dos institutos é muito longo”, disse o líder do governo Bolsonaro, que já teve um instituto de pesquisas em Maringá e que de tanto errar desapareceu. Quem não lembra do Databarros?
Depende do TSE
Beto Richa ficou como primeiro suplente de deputado federal pelo seu partido, o PSDB. Mas pode assumir caso o TSE mantenha decisão do TRE do Paraná, que indeferiu a candidatura de Jocelito Canto, o titular da vaga com 74.348 votos contra 64.868 do ex-governador.
Reflexão de uma 2a. feira braba
A cultura política brasileira vem trocando as bolas nos últimos tempos e coloca como sujeira na disputa eleitoral a chuva de santinhos nas ruas e não o jogo sujo de bastidores, que chega a feder esgoto. Saudade dos tempos em que os cabos eleitorais , com suas bandeiras e papéis esparramados pelas calçadas , iam às ruas com determinação pedir democraticamente, voto para seus candidatos. E tudo em clima de festa, sem ameaças de violência física, a não ser uma escaramuça aqui e outra acolá. Bons tempos em que os candidatos eram mais propositivos, o espírito democrático predominava e o ódio fazia mal era para quem o alimentava. Hoje, por mais difuso que seja o conceito de esquerda e direita, o preconceito ideológico centrou praça nas cabeças, corações e mentes. Esse é o grande busílis de uma sociedade que parece ter perdido seu eixo.