A valorização da norma culta, do uso do português clássico, aquela norma da academia, é importante sim, mas as novas formas gramaticais não podem entrar no terreno da proibição, como ocorreu em Rondônia com a linguagem neutra. O STF fez muito bem em declarar inconstitucional a lei estadual que proibia esta nova forma de se expressar. Agora está liberado, mesmo em ambientes formais, o uso dos artigos masculino e feminino por um “x”, por um “e” ou por @ contidos na linguagem neutra, afinal de contas, um fenômeno social, político e linguístico das lutas indenitárias do nosso tempo. Só não vale é passar uma borracha sobre a língua de Camões, que por meio de Os Lusíadas legou ao nosso país o que o doutor em estudos literários da Unesp, professor Emerson Calil Rossete, classifica como “ maioridade e identidade poética da língua portuguesa”.