A vereadora reeleita Ana Lúcia Rodrigues (PDT) deu um tapa com luva de pelica na ACIM, a entidade que representa a elite econômica e o pib da cidade e que fez campanha sistemática contra o aumento do número de vereadores de 15 para 23. A Associação Comercial e Industrial convidou os vereadores eleitos (e os reeleitos) para um encontro com sua diretoria, não se sabe se para cumprimentar os vitoriosos ou para fazer cobranças a eles. Merece elogios a posição firme e coerente da professora Ana Lúcia, expressada no grupo de WhatsApp dos novos edis : “Bom domingo a todos. Informo que não irei à reunião da Acim pois, se dependesse dessa organização, a maioria de vocês, hoje eleitos, não estariam aqui. Abraços”.
Messias
O PT e a moça feia de A Banda
Fechadas as urnas e proclamados os resultados, não desastrosos mas pouco animadores para o campo progressista brasileiro, os assim chamados ícones da esquerda, ainda com sobrevida, haverão de sentar e refletir: “ Onde foi que nós erramos? “. O debate passa, necessariamente, pela autocrítica, que esbarra na constatação de que o discurso envelheceu e os estrategistas de campanha pararam no tempo. Vamos pegar o exemplo do PT, porque é a referência partidária maior que ainda temos. Lembro-me bem do “pega” da militância em eleições majoritárias não muito distantes.
Claro que o momento é outro, mas o contato pessoal com o eleitor é e será sempre insubstituível. Vamos combinar que na era digital, em que as redes sociais tiraram o protagonismo inclusive da televisão, as campanhas petistas sumiram das ruas, se confinaram em gabinetes e em discussões internas estéreis. Nessas eleições o PT fez como a moça feia de A Banda do grande Chico Buarque, que “ debruçou na janela, pensando que a banda tocava pra ela”.
A política de efeito gafanhoto
Gustavo Gaya, deputado federal do PL de Goiás, um dos reis das emendas parlamentares, está no bico do urubu. E pode ser a primeira pedra do efeito dominó na Câmara Federal que, sob a presidência de Arthur Lira, sequestrou o orçamento da União. As emendas servem para que parlamentares que operam com a política de resultado oxigene suas bases eleitorais com dinheiro subtraído da bolsa da viúva. Os tais políticos de resultado estão para as agendas sociais como o gafanhoto está para a lavoura.
Luz no fim do túnel
Há uma frente ampla que articula a renovação das esquerdas no continente, a partir de Montevideo e sob inspiração do grande Pepe Mojica. É o caso de Yamandu Orsi, que pode se eleger amanhã novo presidente do Uruguai; Verônika Mendoza, candidata a presidente do Peru; Maria José Pizaro, senadora da Colômbia; o atual presidente Chile, Gabriel Boric e o brasileiro Guilherme Boulos que, conseguindo ou não se eleger prefeito de São Paulo nesse domingo, surge como nova e grande liderança da esquerda brasileira. Num momento em que a direita avança, usurpando bandeiras sociais que nunca defendeu e sequestrando até símbolos nacionais, sem dúvida que essa nova geração de políticos do campo progressista traz luz para o fim do túnel.
Direita x Extrema-direita
Informa o blogueiro Esmael Morais que uma fração do PT curitibano está disposta a votar em Cristina Graeml para prefeita neste domingo. Eduardo, neto do ex-governador Paulo Pimentel, é um burguesinho, evidentemente de direita, até por tradição familiar. Mas Cristina está à direita da direita. É uma negacionista sem noção, que durante a pandemia ficou do lado da cloroquina, nunca deixando de acreditar que a terra é plana. No caso da capital paranaense a escolha se insere, literalmente, na velha máxima: dos males, o menor.
Deus salve a América
Se der Trump nos Estados Unidos a família Bolsonaro se assanha aqui no Brasil e passa a achar que 2026 está no papo. Com certeza vão fazer uma pressão desgraCida, como diria o saudoso João Milanez, sobre o Congresso Nacional para anistiar Jair, devolvendo a ele os direitos políticos cassados pelo TSE. Que Deus e o eleitorado norte-americano tenham piedade de nós.
Deprimente
Pior do que um ultradireitista só um ex-esquerdista que se converteu ao neofascismo. É o caso de Aldo Rebelo que , acompanhado do paranaense Ricardo Gomides, está em São Paulo nesta reta final do segundo turno, ajudando a execrar a figura do candidato Guilherme Boulos.
Teje livre!!!
E por causa da eleição ninguém pode ser preso; é como se todos fôssemos a família Bolsonaro! (José Simão)
A Lava Jato e a saúva
Está mais do que provado que o FBI teve participação direta na condução da Operação Lava Jato, conduzida por Sérgio Moro que, de juiz que colocou Lula na cadeia por quase dois anos, virou ministro de Jair Bolsonaro, que ele ajudou a eleger em 2018. Relatórios do próprio Moro comprovam a participação do Federal Bureau of Investigation na versão piorada da “Mãos Limpas”, que criminalizou a política italiana e permitiu a volta de Silvio Berlusconi ao poder.
No Brasil, a tragédia provocada pela Lava Jato foi ainda maior, na medida em que quebrou não os empresários corruptores, mas as gigantes da construção civil, capando milhares de empregos no setor. Cabe aqui a lembrança , em forma de paródia, da célebre observação do naturalista francês Auguste de Saint-Hlaire, referindo-se ao poder de destruição da saúva: “Ou o Brasil acabava com a Lava Jato ou a Lava Jato acabava com o Brasil”.
Protagonista e vítima do ring
Adilson Maguila, que morreu hoje aos 66 anos, foi sem sombra de dúvida o maior peso pesado do boxe brasileiro e um dos maiores do continente sul-americano. Não conseguiu chegar à disputa de um dos principais cinturões mundiais, mas ganhou o título da Federação Mundial de Boxe, que não tinha muita relevância no cenário internacional mas fez toda a diferença na sua carreira. Maguila se projetou no ring, mas foi vítima dele. A causa morte do grande sergipano foi uma doença chamada encefalopatia traumática crônica, conhecida como demência pugilística. Ou seja, o problema que o afetou há muito tempo foi decorrência dos socos que levou na cabeça.
