Talvez você identifique “Zé Pequeno” com algum político que lhe é próximo e ao qual você reconhece coerência: a de ser governo sempre, não importa quem seja o governante:
“Zé Pequeno era o líder dos carroceiros de João Pessoa. Comandava desfiles de carroças em homenagem ao interventor Argemiro Figueiredo e ao prefeito Fernando Nóbrega, na ditadura de Getulio Vargas.
De repente, Argemiro caiu, Nóbrega também. Zé Pequeno guardou sua carroça, plantou-se dentro de casa. Um dia, dois, ninguém o viu mais. No terceiro dia, engraxou os sapatos, vestiu a roupa de domingo, pôs a gravata e passou pela casa de Fernando Nóbrega:
– Chefe, vou ao palácio apoiar o novo interventor, Rui Carneiro.
– Por que tanta pressa, Zé Pequeno?
– Ah, doutor, três dias longe do governo é demais. Se eu ainda fosse um Zé Grande, mas sou apenas o Zé Pequeno”.
. Folclore Político, de Sebastião Nery