Aprendi em mais de meio século de jornalismo que o jornalista não pode ter a soberba de achar que só vai reportar a verdade. Mas aprendi também que ele tem a missão precípua de se esforçar para ficar cada vez mais próximo dela. E nesses tempos de redes sociais, não tem como deixar de dar razão a Umberto Eco, porque realmente “elas deram voz a uma legião de imbecis”. E a imbecilidade, que faz da maioria dos perfis , produtores e multiplicadores de notícias falsas, é o combustível que move , de forma dramática e preocupante, a correia de transmissão da ignorância coletiva.
A tragédia do Rio Grande do Sul , por exemplo, mostra com clareza o lado perverso da comunicação criminosa feita por produtores mal intencionados de conteúdos. E nos aterroriza a constatação de que as mentiras que, de tão repetidas e tão rapidamente espalhadas, acabam se transformando em verdade na cabeça e na boca de milhões e milhões de brasileiros do bem. A divulgação da tragédia climática requer responsabilidade e conhecimento da técnica de apuração dos fatos. Por tudo isso é que torna-se inimaginável a sociedade prescindir do trabalho jornalístico, tanto do que apura quanto do que comenta e reflete sobre a realidade fática.