Arthur Moreira Lima era um gênio do piano, instrumento que começou a tocar aos 8 anos de idade. Como todo gênio, ele era genioso e tinha tolerância zero com barulhos extras , sobretudo quando executava obras dificílimas como “Estudo transcendental n. 10” de Franz Liszt. Dando certa feita um concerto em Maringá ele se levantou e saiu do palco quando uma criança começou a chorar no colo da mãe. O menino queria mamar e a mãe, percebendo e irritação do pianista, saiu pra fora com o bebê. O silêncio sepulcral trouxe Lima de volta ao parco e o espetáculo continuou, com a criança já amamentada e calada, só escutando. Viva rei Arthur, que agora deve estar no céu mandando ver na Sinfonia número 5, de Beethoven.
Então é assim que se preocupa com a segurança, governador?
A segurança pública, todo mundo sabe, é responsabilidade dos estados e com a criação das guardas civis municipais, passou a ser também dos municípios. Mas a violência está só que cresce, o crime organizado toma conta do país, se imiscuindo até no setor empresarial, como em empresas de ônibus e postos de combustíveis. O problema é sério e o avanço das Orcrins precisa ser contido. Por isso o presidente Lula convocou uma reunião com os governadores para propor a consolidação de um sistema único de segurança pública, que passaria a operar de forma compartilhada pelos ente federativos.
Gostem ou não do Lula, tenham os governadores divergências políticas e ideológicas com Lula ou não, o fato é que a iniciativa foi brilhante e a proposta mais do que oportuna. Porém, alguns governadores de direita, e dois de extrema-direita, como o de Minas e o de Santa Catarina, cagaram para o convite do Palácio do Planalto para a reunião, desrespeitando não o presidente, mas o povo de seus estados. Entre os ausentes está Ratinho Júnior, do Paraná. É assim que pretende resolver o problema da segurança no estado que governa, mister Ratinho? Que posição mais vergonhosa, né não, senhor de todos os queijos?
Terá espaço?
Um leitor comenta em pitaco aqui no blog que “nessas eleições surgiu uma menina de grande futuro político, que vai longe”. Ele se refere à advogada Palomara Silva, que foi vice do Humberto Henrique na disputa pela prefeitura de Maringá. Ele parece sentir-se incomodado com as evidências de que o presidente da Itaipu Binacional, Enio Verri, trabalha pera a campanha do irmão Mario para deputado estadual. A questão é: o PT maringaense não sai do domínio dos irmãos Verri assim como o PP é manobrado pelos Barros, Ricardo sempre à frente.
100 anos da Coluna Prestes
Não, a Coluna Prestes não foi um movimento militarista, apesar de que seus principais líderes, como o próprio Luís Carlos Prestes, serem militares de baixa patente. Tudo começou com a insatisfação com o governo oligárquico de Artur Bernardes na década de 20. A grande marcha, a maior da história da humanidade, teve início em 1924 e foi até 1927. Em dois anos e meio de caminhada, a coluna composta por 1.500 homens percorreu 25 mil quilômetros, atravessando 13 estados brasileiros. No percurso, os comandados de prestes e Miguel Costa iam conquistando simpatia e adesões, inclusive de mulheres, que chegaram a combater ao lado dos revoltosos. A raiz da coluna, claro, está no movimento tenentista, cujo ponto de partida foi o Levante do Forte de Copacabana, em 1922.
A nova esquerda
A eleição presidencial no Uruguai não foi decidida no último domingo. Ficou para 24 de novembro. Mas o candidato de Pepe Mujica saiu disparado na frente, com 43,9% contra 26,7% do direitista Álvaro Delgado, apoiado pelo atual presidente Luís Lacalle. O professor de história Yamandú Orsi está com a mão na taça. Se eleito, será um dos líderes da nova esquerda sul-americana.
É bem isso
“Por que uma pessoa pega o dinheiro do Bolsa Família e aposta nas bets? Porque é pobre e não quer mais ser. E não há uma forma racional de conseguir isso. Então vai para a magia. Foi o que restou para ela. Pablo Marçal, bets, é a mesma coisa”. (Jessé Souza, sociólogo e escritor)
Cagado de arara
Que azar teve o Vinícius Jr. Os especialistas indicados para escolher o melhor jogador do ano não viram os jogos dele no Real Madrid, apenas os da Seleção Brasileira.
Com luva de pelica
A vereadora reeleita Ana Lúcia Rodrigues (PDT) deu um tapa com luva de pelica na ACIM, a entidade que representa a elite econômica e o pib da cidade e que fez campanha sistemática contra o aumento do número de vereadores de 15 para 23. A Associação Comercial e Industrial convidou os vereadores eleitos (e os reeleitos) para um encontro com sua diretoria, não se sabe se para cumprimentar os vitoriosos ou para fazer cobranças a eles. Merece elogios a posição firme e coerente da professora Ana Lúcia, expressada no grupo de WhatsApp dos novos edis : “Bom domingo a todos. Informo que não irei à reunião da Acim pois, se dependesse dessa organização, a maioria de vocês, hoje eleitos, não estariam aqui. Abraços”.
O PT e a moça feia de A Banda
Fechadas as urnas e proclamados os resultados, não desastrosos mas pouco animadores para o campo progressista brasileiro, os assim chamados ícones da esquerda, ainda com sobrevida, haverão de sentar e refletir: “ Onde foi que nós erramos? “. O debate passa, necessariamente, pela autocrítica, que esbarra na constatação de que o discurso envelheceu e os estrategistas de campanha pararam no tempo. Vamos pegar o exemplo do PT, porque é a referência partidária maior que ainda temos. Lembro-me bem do “pega” da militância em eleições majoritárias não muito distantes.
Claro que o momento é outro, mas o contato pessoal com o eleitor é e será sempre insubstituível. Vamos combinar que na era digital, em que as redes sociais tiraram o protagonismo inclusive da televisão, as campanhas petistas sumiram das ruas, se confinaram em gabinetes e em discussões internas estéreis. Nessas eleições o PT fez como a moça feia de A Banda do grande Chico Buarque, que “ debruçou na janela, pensando que a banda tocava pra ela”.
A política de efeito gafanhoto
Gustavo Gaya, deputado federal do PL de Goiás, um dos reis das emendas parlamentares, está no bico do urubu. E pode ser a primeira pedra do efeito dominó na Câmara Federal que, sob a presidência de Arthur Lira, sequestrou o orçamento da União. As emendas servem para que parlamentares que operam com a política de resultado oxigene suas bases eleitorais com dinheiro subtraído da bolsa da viúva. Os tais políticos de resultado estão para as agendas sociais como o gafanhoto está para a lavoura.