O vice-presidente e senador eleito, general Hamilton Mourão, usou os 87 da Intentona Comunista para resgatar o “fantasma vermelho” , que acabou desmascarado pelo mesmo general que havia divulgado em 1937 um tal de Relatório Cohen, elaborado pelo governo Vargas para justificar o golpe do Estado Novo.
O relatório, adredemente preparado pelo homem da comunicação do governo , Filinto Miller, detalhava toda a estratégia, que incluía até assassinato de oficiais do Exército. Estava tudo lá, no relatório que viria a justificar a promulgação da Carta Polaca. Em 1945, em meio à crise do Estado Novo, o mesmo general Góes Monteiro revelou que o Plano Cohen, na verdade, não passara de uma fraude para justificar a permanência de Vargas no poder e reprimir qualquer tipo de ameaça comunista.
De farsa em farsa, o Brasil chegou ao golpe militar de 1964, que jogou o país em duas décadas de escuridão. Agora, estamos de novo às voltas com discursos absurdos como essa da ameaça comunista. Só que hoje, quando a guerra fria é passado e o comunismo morreu com a queda do Muro de Berlim e foi sepultado com o esfacelamento da União Soviética, tal narrativa torna-se a mais pura manifestação de ignorância. Chega a ser patética fala como a do general Mourão e sandices como as manifestações bolsonaristas em frente aos quartéis do Exército, protestando contra o resultado das urnas e pregando golpe.