O ex-governador e ex-senador Roberto Requião, que também já foi prefeito de Curitiba, está de novo no embate eleitoral e já percorre a capital com seu famoso Jeep 51. “Esse é meu carro de campanha. Vocês vão me ver pela cidade toda, pelos bairros, e vão me identificar, porque este Jeep é praticamente único em Curitiba”, disse o polêmico político paranaense, octogenário, mas cheio de gás.
Um perigo que vem da paulicéia
A campanha eleitoral em São Paulo, capital, chegou a um nível tal, que os principais candidatos (Boulos, Ricardo Nunes, Datena e Tabata Amaral) estão se recusando a participar de debates. Tudo porque o kamikaze Pablo Marçal , que por incrível que pareça sobe nas pesquisas, tem como estratégia a baixaria. Ele não debate, só ataca, xinga e difama. Seu perfil criminoso exibido pelos adversários é ignorado pela justiça eleitoral e pelo próprio eleitor, tornando mais tóxico o ambiente da disputa eleitoral na maior cidade do país. O cara já foi condenado por roubo a banco em Goiás, tem uma vida pregressa de esgoto, e mesmo assim pontua como a grande novidade da disputa. Isso é triste, é preocupante.
A ascensão de Marçal projeta um futuro sombrio para a política brasileira, que passou por momentos traumáticos no governo Bolsonaro e no logo depois das eleições de 2022, cujo ápice foi a invasão das sedes dos três poderes em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. Tudo bem que a nossa democracia resistiu aos ataques , mas é bom as instituições tomarem as tentativas de golpe como exemplos a serem combatidos. O bolsonarismo está vivíssimo, com promessa de entrar de novo em erupção ante uma eventual vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. E tudo piora com a adição do pablomarçalzismo, que se tiver sucesso na disputa eleitoral da paulicéia , coloca nosso país definitivamente na mira do nazifascismo emergente. Estamos pois, diante de uma crônica, a crônica da tragédia anunciada.
A classe média e seus valores distorcidos
É claro, muito claro, cristalino, mas a classe média não se apercebeu ainda, que o estado de bem-estar social é um grande empecilho para o avanço do neoliberalismo, e por conseguinte, do aprofundamento da concentração de renda no país, que também lhe afeta. Como a classe média vive no aperto mas com hábitos e costumes que se aproximam mais do rico do que do pobre, fica fácil entender porque o grosso da população vive assustada com o fantasma do comunismo que, vamos combinar, só existe no discurso da ultradireita. E na esteira dessa sandice que beira o ridículo , está o preconceito ideológico. Não chego a definições extremadas como a filósofa Marilena Chauí, mas devo concordar que a classe média “é uma abominação cognitiva, porque ela é ignorante”.
Não importa quem é o presidente da república, se Chico, Mané ou Astrogildo. Importa é o compromisso social que historicamente ele tem. O simples fato de defender políticas compensatórias coloca o presidente da república na linha de tiro da elite, como já colocou em passado não muito distante. Vide casos de Getúlio Vargas e João Goulart e mais recentemente, de Dilma e do próprio Lula, tirado das eleições de 2018 por um juiz que depois virou ministro do presidente que ele ajudou a eleger. Diante de coisas como essa como age a classe média? Age arremessando seus bumerangues, que vão e voltam, atingindo-lhe a própria cara.
Lira, o chantagista
O Centrão, liderado por Arthur Lira, chantageia o governo Lula para forçá-lo a liberar as tais emendas Pix, que destinam bilhões de reais para deputados repassarem às suas bases eleitorais. São emendas secretas, que fazem circular dinheiro público por baixo do pano, longe de qualquer mecanismo constitucional de investigação. Para quais parlamentares a dinheirama é distribuída ninguém fica sabendo. Muito menos se sabe sobre a destinação das verbas, oriundas do orçamento geral da União
Guerra ao feminicídio
O Ministério da Mulher deflagrou uma campanha nacional contra o feminicídio. E encontrou no futebol o melhor espaço para promover a campanha. No clássico Botafogo x Flamengo, o time da estrela solitária posou no gramado do Estádio Nilton Santos com esta faixa gigante.
Adeus, professora
O PT perdeu uma de suas referências éticas e Maringá perdeu uma qualificada candidata a vereadora. A professora Vilma Garcia, ex-presidente da APP Sindicato, faleceu ontem, vítima de um câncer que tinha descoberto há apenas um mês. Como primeira suplente do Partido dos Trabalhadores, ela chegou a assumir a vereança, ocupando temporariamente a cadeira de Mário Verri, que se licenciou para tentar chegar à Assembleia Legislativa do Paraná nas eleições de 2022.
De cara nova
Zé Dirceu fez, em artigo à Folha , uma análise interessante sobre o comportamento da mídia e da Faria Lima com relação a seu alinhamento com a extrema-direita. No caso da mídia tradicional, sobretudo do eixo Rio-São Paulo, há um certo desconforto com Bolsonaro mas não com a nova cara do bolsonarismo, representado pelo governador Tarcísio de Freitas.
Muro da vergonha
Circula a notícia de que Israel acena com uma proposta de paz mas prepara a construção de um muro no chamado Corredor Filadélfia, bem na fronteira de Gaza e o Egito. O carniceiro Netanyahu quer piorar ainda mais a vida dos palestinos, tirando deles a única saída que tem quando são encurralados pelo exército israelense.
A quem interessa desqualificar Moraes?
O respeitado jurista gaúcho Lenio Streck disse que os ataques ao ministro Alexandre Moraes foi orquestrado, para enfraquecê-lo e beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Alexandre Moraes não inventou fatos. Alexandre Moraes mandou investigar os fatos. Ele podia mandar investigar porque a lei permite”, afirmou Streck ao destacar que “ o poder de polícia do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é amplo e está previsto na Constituição”. As críticas de Streck foram direcionadas principalmente à Folha de São Paulo e ao jornalista Glenn Geenwald, que por não serem do direito e por não conhecerem o direito, “correm o risco de terem feito uma micagem e dar uma barriga”. Só lembrando que barriga no jornalismo é o erro primário e grosseiro cometido na elaboração de uma notícia.
O reino da baixaria
Pablo Marçal é a prova viva de que a extrema-direita só sobrevive porque tem muita gente, mas muita gente mesmo, que se diverte (e se converte) com o culto à baixaria. É paradoxal, triste e preocupante, a maneira como o discurso de ódio, embalado pelo baixo nível, encanta com tanta facilidade uma parte significativa da sociedade brasileira.