Quando o estado é o réu
Filipe saiu de casa no inicio da noite para comprar macarrão em um mercado perto da sua casa, porque a filha de 7 anos e a enteada de 9 queriam uma sopa. Ele era garçom e vendedor em uma barraca na praia do Guarujá. Mas o jovem pernambucano não voltou com o macarrão. Foi executado pela PM, que promoveu uma verdadeira chacina para vingar a morte de um soldado morto covardemente por um bandido, que acabou se entregando e nem assim o massacre de moradores parou. A violência está atingindo níveis insuportáveis e a sociedade e brasileira fica ainda mais assustada e indignada quando esta violência parte do estado, exatamente de quem tem a missão de protegê-la.
Fim à “defesa da honra”
Faz 17 anos hoje que o presidente Lula sancionou no final do seu primeiro mandato, a Lei Maria da Penha. E, antes tarde do que nunca, o Supremo Tribunal Federal acabou com a tese da legítima defesa da honra, que ao longo da história absolveu muitos maridos assassinos. Pode não ser muito, mas a decisão do STF surge como mais um dique de contenção à violência contra a mulher no Brasil.
Garcia vai ao STF para balançar o coreto
O STF, por determinação do ministro Dias Toffoli, vai ouvir o depoimento do empresário paranaense Tony Garcia, que atuou como espécie de agente secreto da Lava Jato, segundo ele mesmo disse, para que o juiz Sérgio Moro não o colocasse numa masmorra. Garcia era dono do Consócio Garibaldi, acusado de dar um golpe monumental em seus clientes. Como era um empresário muito conhecido e até amigo de vários políticos brasileiros, a República de Curitiba o teria cooptado para levantar provas e delatar envolvidos na operação.
Passados vários anos e com a Lava Jato totalmente desidratada, Garcia (que foi genro de Ney Braga) decidiu abrir o bico. E suas entrevistas a portais de notícias, como a TV 247, deixaram Moro e procuradores da força-tarefa com a pulga atrás da orelha. É certo que deverá sobrar também para a Dra. Gabriela Hart, substituta de Moro na 13ª, Vara Federal de Curitiba. Isso porque, tudo o que Tony Garcia vem falando e vai reafirmar no STF, ele já tinha relatado para a juíza, que segundo alguns juristas, engavetou tudo e por isso teria cometido crime de prevaricação. A ida do empresário ao Supremo deve balançar ainda mais o coreto e colocar Moro definitivamente no bico do urubu.
Briga pela sucessão
Tarcísio de Freitas normalizou a chacina do Guarujá para ganhar aplausos da ultra-direita bolsonarista, embora se esforce para se apresentar como líder da direita civilizada. Já o governador de Minas, Romeu Zema, sequer tenta disfarçar o seu preconceito contra o Norte e o Nordeste. Os dois estão a ponto de entrar num octógono, para decidir na porrada quem ficará com a suástica que Bolsonaro ostentou durante quatro anos.
Ao mestre, com carinho
Emocionante a homenagem que a Câmara de Vereadores de Maringá prestou neste sábado ao jornalista, professor e poeta A.A.de Assis, por quem eu tenho uma profunda admiração. Assis continua escrevendo trovas e crônicas divinamente, do alto dos seus 90 anos. Há quem diga, e eu concordo, que esse extraordinário guru é como vinho: quanto mais velho melhor na arte de esgrimir as palavras.
A honraria entregue hoje foi a comenda Dom Jayme Luiz Coelho, de quem A.A.de Assis foi um grande amigo. Ele tinha o primeiro bispo de Maringá como inspirador mas embora sua modéstia não lhe permita dizer, ele sabe que também foi uma fonte de inspiração para Dom Jayme, que chegou aqui em 1957, estruturou a Diocese que, muitos anos depois, conseguiu elevar à condição de Arquidiocese, sendo portanto, o seu primeiro arcebispo. Por coincidência, exatamente hoje, 5 de agosto de 2023, fez 10 anos que Dom Jayme partiu para outra dimensão. Assis se emocionou muito durante a sessão solene e em seu discurso, que foi uma deliciosa prosa, ele rendeu justas homenagens ao grande amigo e guia espiritual.
Em tempo: o prefeito Ulisses Maia assinou antes do início da sessão solene o decreto de tombamento para o patrimônio histórico do município, de ROBSON, o primeiro livro editado em Maringá, não por coincidência, de autoria do grande A.A. de Assis, com quem tive a honra de trabalhar na Folha do Norte do Paraná, lá no apagar das luzes da década de 1960.
O cerco vai se fechando
O cerco contra os agressores de mulheres está se fechando. A violência doméstica não cessa, sabe-se lá se apenas devido a cultura machista, mas a tendência é que os governos estaduais, em parceria com o federal, acionem cada vez mais a Lei Maria da Penha, prestes a completar 17 anos.
No Paraná, a Assembleia Legislativa começa a votar nesta segunda-feira um projeto de lei que prevê salas especiais nas delegacias, de acolhimento de mulheres ameaçadas e agredidas. Para isso, o Estado terá que contratar pessoas preparadas para transformar os espaços das Delegacias, onde as vítimas vão buscar socorro, menos assustadores e incômodos. O projeto de lei, que já tem apoio da maioria dos deputados estaduais, é de autoria dos petistas Luciana Rafagnin e Arilson Chiorato e do pedetista Goura.
Ênio surpreende
Os prefeitos do Médio Paranapanema estão com sorriso de orelha a orelha, porque a Itaipu Binacional , sob o comando do maringaense Ênio Verri, vai bancar projetos de preservação ambiental nas cidades paranaenses, sobretudo as de pequeno e médio porte. Verri está surpreendendo muitos prefeitos que torceram o nariz com a indicação dele para o cargo. “Mordemos a língua” , disse um prefeito bolsonarista, mas já nem tanto.

Proteção para quem proteção não tem
Lula vai levar para a ONU, onde discursará no dia 19 de setembro, uma questão trabalhista que não é brasileira, é universal. O Brasil pode sair na frente com uma legislação específica para os trabalhadores do sistema delivery, que se arriscam com suas motos pelas ruas das cidades em todo o mundo e sem nenhuma legislação que os ampare. No caso brasileiro especificamente, aqui os donos de aplicativos ganham os tubos nas costas dos seus entregadores e não dão a eles qualquer proteção. Em seu discurso, o presidente brasileiro vai fazer um apelo global pelo trabalho digno. Isso inclui também os motoristas de aplicativo.
Isso é história
Quando se elegeu prefeito de Maringá pela primeira vez, Said Ferreira foi instado pelos vereadores do seu partido, o MDB, para que indicasse emedebistas para os cargos de chefia nos órgãos do governo estadual, porque o então governador José Richa não se oporia a nenhuma indicação do chefe do executivo municipal. Said achou o pleito legítimo, mas disse que não faria nenhuma indicação, porque esse não era seu papel. Irritados , alguns vereadores ameaçaram jogar duro com o prefeito recém-empossado daí por diante. Said, que não era de mandar recado, foi direto ao ponto: “Não vou fazer nada, não é papel do prefeito. Os senhores mesmos podem articular isso, mas não contem comigo”. Ouviu como resposta: “Então se prepare, Turco, você vai ter uma Câmara Municipal hostil”. Saidão não se avexou, bateu as mãos na mesa, levantou e já tomando o rumo da porta de saída da sala, foi claro: “Façam como quiserem…e vão todos à merda!”.






