Ao enfrentar Jimmy Carter em 1980 , o ator canastrão Ronald Reagan começou a virar o jogo com a pergunta direta ao eleitorado americano: “Are you better off than four years ago?” (Você está melhor do que há quatro anos?). Não estava, porque a inflação fugiu do controle à época e as finanças pessoais do cidadão médio iam de mal a pior. O eleitorado, então, votou com o bolso, acreditando que os quatro anos seguintes seriam melhores. A partir desse ponto de vista Reagan colocou o trem da economia nos trilhos. Porém, aumentou de maneira absurda o déficit público ao mesmo tempo em que ao lado da primeira ministra da Inglaterra Margareth Thacher, inicou o desmonte do Estado de Bem-Estar Social, construído no pós-guerra.
Os dois fizeram um combate sem trégua contra os sindicatos obreiros, preservando os ricos dos impostos e enfiando goela abaixo dos países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, uma cartilha de redução do Estado, tirando de vez o pobre do orçamento público. E o que se vê agora com a ascensão da direita no Ocidente e sobretudo com a volta de Donald Trump à Casa Branca é a exibição desse velho filme de horror. Com o agravante de que Trump, conforme demonstrado na sua primeira passagem pela Casa Branca, vai colocar toda a sua egolatria a serviço de ambientes tóxicos, lá, aqui e acolá. A nós brasileiros, a alegria incontida de Jair Bolsonaro com a vitória de Trump diz muito. E se os americanos cantarolavam já na primeira metade do século XX a canção “Deus salve a América”, do lado de cá, vamos orar: Deus salve o Brasil.