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A metáfora e o que dela advém

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A reeleição em primeiro turno deu ao governador Ratinho Júnior espinafre suficiente para ele se julgar aquele marinheiro criado lá em 1929  pelo cartunista Elzie Segar. E com a bênção da maioria folgada que possui na Assembleia Legislativa, tascou no  lombo do paranaense o segundo ICMS mais alto do país. Isso como forma de compensar a renúncia fiscal que teve que fazer durante a campanha, com o objetivo claro de possibilitar a redução dos preços dos combustíveis e transformar em votos para o presidente Bolsonaro o impacto do “pacote de bondades”.

O ICMS é um dos dois únicos impostos que não vai para a União (o outro é o IPTU, só municipal). Mas os governadores , que também tinham seus interesses eleitorais, cederam à pressão do Planalto e reduziram o ICMS da gasolina e do etanol. Agora chegou a conta, mas essa conta vai ser paga pelo consumidor. Ratinho está numa posição cômoda, pois recebeu muito espinafre do eleitor e, portanto, se sente um verdadeiro Marinheiro Popaye. Para justificar sua bravura tributária só falta dar ao cofre do Estado o nome de Olívia Palito.

A novidade que ninguém entende

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A maioria dos aposentados nem sabia que o STF mitigava há algum tempo a possibilidade de melhoria dos benefícios de milhões de velhinhos que viram suas aposentadorias perder poder de compra de maneira acelerada de uns anos pra cá. Agora, a Suprema Corte  aprovou, em caráter definitivo, a chamada “revisão da vida toda”. Como vai funcionar? É complicada a forma de fazer os cálculos para saber se optando pela revisão  o aposentado do INSS ganha ou perde. Se perde, melhor ficar quieto; se ganha, deixa o advogado especialista da sua confiança tomar conta da bagaça e seja o que Deus quiser.

Nós e o mundo

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O atual presidente fechou embaixadas brasileiras em alguns países da África por considerá-las ociosas. Na verdade, encolheu o tamanho do Brasil na geopolítica global. Agora, o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva anuncia que vai reativar as representações brasileiras em Serra Leoa, Libéria e Gana, além de abrir  relações diplomáticas com Ruanda e Gâmbia. Some-se a isso os atritos que o atual governo brasileiro teve com quase todos os países latino-americanos e rusgas com algumas repúblicas europeias, e chegaremos à conclusão:  o próximo governo terá uma tarefa gigantesca para recuperar o prestígio que o Brasil perdeu nos fóruns internacionais.

O jornalismo de luto

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O jornalismo perdeu Vanda Munhoz, que morreu de infarto ontem à noite na casa onde morava com a mãe. Vanda tinha 60 anos e foi a última editora-chefe do O Diário. Era uma profissional dedicada, qualificada e de bom texto. Era formada em Letras pela UEM e por conta dessa sua formação acadêmica tinha um cuidado muito especial com a língua pátria na hora de escrever e de revisar matérias, dela e de colegas. Que Deus a tenha em bom lugar.

A Globo nivela por baixo

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Não é por terem sido medalhões, não, é que eles realmente fizeram e continuariam fazendo a diferença no jornalismo da Globo que, com dispensas tão impactantes, consolida um novo padrão de repórteres , algo parecido com o padrão  Coca-Cola.

E poderosa Rede Globo de Televisão que já havia dispensado Chico Pinheiro, José Hamilton Ribeiro, Carlos Tramontina, Francisco José e Renato Machado, entre outros, acaba de despedir Neide Duarte, uma das repórteres mais premiadas do telejornalismo brasileiro.  O empobrecimento do jornalismo global é visível.

No bico do urubu

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O Tribunal Regional Eleitoral apontou anteontem pela terceira vez consecutiva, falhas na prestação de conas do senador eleito Sérgio Moro. A área técnica do TRE manifestou-se pela reprovação da prestação de contas da campanha do ex-juiz, que corre sério risco de não ser diplomado, o que implicaria na realização de nova eleição para preencher a vaga do Paraná no Senado da República.

Uma nova eleição, naturalmente sem Moro, aumenta as chances de Álvaro Dias, apesar dele ter ficado em terceiro lugar. Isso porque Paulo Martins, que ficou em segundo, só teve essa colocação porque colou em Bolsonaro. Agora, esta é uma cola que perdeu o visgo.

Prefeitos ambientalistas

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O Dr. Adriano Valente, 5º prefeito de Maringá, foi um homem à frente do seu tempo , quando o assunto era meio ambiente. No final dos anos 60, início dos 70, ele transformou o Bosque 1 em Parque do Ingá. Para evitar que árvores nativas fossem sacrificadas desnecessariamente, monitorou pessoalmente a abertura das ruas internas. Quando um engenheiro quis cortar uma árvore centenária para facilitar o traçado de uma rua, Dr. Adriano não permitiu. Argumentou que as ruas internas do Parque não seriam lugar de carro, portanto, podiam ter curvas acentuadas e até cotovelos. A frondosa imbuia penhoradamente agradeceu. E está lá até hoje.

Justiça se faça também ao prefeito João Ivo Calefi, que assumiu com a morte prematura de José Cláudio. João fincou pé e não deixou que sacrificassem um cedro quase centenário para facilitar a duplicação da Gurucaia, hoje, extensão da São Paulo. Quando você passar por aquela avenida e ver uma árvore servindo de redutor de velocidade num local onde a pista dá uma afunilada, saiba que aquilo é obra do João.

Bandeira branca? “Sai pra lá!”

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O megaempresário Abílio Diniz disse  em seu programa de entrevistas na CNN que postou em suas redes sociais um texto invocando a necessidade de pacificação do país , para que cesse o clima de ódio que se criou na disputa presidencial, sobretudo no segundo turno. Ressaltou que o empresariado precisa fazer sua parte, pagar seus impostos, gerar emprego e conviver bem com o presidente Lula, porque assim é a democracia. Bastou para ele levar pau de 70% dos seus 3 milhões de seguidores, o que prova que, com os bolsonaristas radicais não tem essa de bandeira branca.

O buraco da redução de ICMS

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A redução de ICMS para possibilitar a queda dos preços da gasolina e do etanol no período eleitoral está ardendo agora, e muito, no lombo de prefeitos e governadores. Na ocasião, todos ficaram pianinho, não se sabe se por medo ou por acreditar na promessa de ressarcimento. Só pra lembrar: a renúncia fiscal forçada provocou um rombo de quase R$ 3 bilhões nos cofres do governo paranaense A Prefeitura de Maringá perdeu a modesta quantia de R$ 90 milhões, dinheiro que fez muita falta na Saúde e na Educação. Na linguagem do futebol, prefeitos e governadores estariam correndo atrás do prejuízo.

Palavra bonita, mas perversa

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Uma expressão muito usada pelo ministro Paulo Guedes contra as universidades federais, colocou na lona a pesquisa científica no Brasil: contingenciamento. Parece uma palavra bonita, sofisticada, mas a tradução literal não é outra senão CRIME…de lesa pátria.