Lendo o livro COMO AS DEMOCRACIAS MORREM, que ganhei de presente do mano Antônio Mendes, tive a sensação de que os cientistas políticos de Harvard, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt tinham viajado no túnel do tempo para o futuro próximo e viveu no Brasil de 2019 a 2022. A morte da democracia começa quando os líderes políticos no poder desconsideram as regras básicas do jogo democrático e, ignorando completamente os direitos civis e o respeito a quem pensa diferente, começam a dinamitar as instituições democráticas por dentro. O indicio mais forte do ataque é a busca sistemática do enfraquecimento do Poder Judiciário. O primeiro objetivo do líder travestido de democrata é a busca de vantagens pecuniárias para si e para seu séquito. Para isso conta com parte da mídia e das redes sociais, que fazem o trabalho sujo de espalhar desinformação. Mas tem remédio:é a mobilização popular e as manifestações contra a PEC da bandidagem foi um recado importante.
RMM tem 26, mas teá apenas 5 municípios
Há um critério quase universal segundo o qual uma região metropolitana deve ser composta por municípios conurbados ou que apresentem possibilidades geográficas de conurbação futura. Com base nessa premissa o então deputado estadual Joel Coimbra apresentou na Assembleia Legislativa do Paraná o projeto da Região Metroplitana de Maringá, que nasceu originalmente com 8 municípios. Porém, ignorando critérios técnicos, alguns deputados foram agregando municípios à de Maringá e também à Região Metropolitana de Londrina.
Passado tanto tempo, o governo estadual decidiu engatar uma marcha ré e recuar para além do projeto original aprovado pela Alep. Assim, a RMM deverá ter apenas 5 municípios e não mais os 26 incorporados por parlamentares interessados na ampliação da suas bases eleitorais, caso da então deputada Cida Borgheti, que promoveu um verdadeiro inchaço da Região Metropolitana de Maringá.
Ainda compõem a Região Metropolitana de Maringá , além do município sede, que eu chamaria de cabeça de rede: Maringá, Sarandi, Marialva, Mandaguari, Paiçandu, Ângulo, Iguaraçu, Mandaguaçu, Floresta, Dr. Camargo, Itambé, Astorga, Ivatuba, Presidente Castelo Branco, Flórida, Santa Fé, Lobato, Munhoz de Mello, Floraí, Atalaia, São Jorge do Ivaí, Orizona, Nova Esperança, Bom Sucesso, Jandaia do Sul e Cambira . De hora em diante, ficarão apenas Maringá, Sarandi, Paiçandu, Mandaguari e Marialva, as três primeiras já conurbadas e as outras duas, próximas de ter seus perímetros urbanos interligados.
A política como ela é
A direita bate cabeça atrás de um nome que possa enfrentar Lula em 2026 com chanes reais de vitóri. Tarcísio de Freitas está se dismilinguindo pelo seu extremismo e subserviência ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Está sendo aconselhado a buscar a reeleição para o governo de São Paulo e empurrar o sonho presidencial para 2030. A bola da vez passa a ser o governador do Paraná, Ratinho Júnior, que empata com o seu colega paulista em todos os cenários. Enquanto isso, o presidente Lula se consolida para um eventual quarto mandato.
Na mira da Primeira Turma
O outrora vestal Sérgio Moro, que não passou em branco pela magistratura e certamente não passará pela política, será julgado no início de outubro pelo STF por calúnia e difamação. O caluniado é ninguém menos do que o decano Gilmar Mendes. Durante uma festa junina em junho de 2024, o senador e ex-juiz da Lava Jato, insinuou que Mendes vendia sentenças. Moro foi denunciado pelo Ministério Público Federal, que pontuou: “ Ele atribuiu falsamente a prática do crime de corrupção passiva ao ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, com a clara intenção de macular a imagem e a honra objetiva do ofendido, tentando descredibilizar a sua atuação como magistrado da mais alta Corte do país”. O “Conjo”, que sonha com o governo do Paraná, pode perder o mandato de senador e ser declarado inelegível. De quebra, corre o risco de pegar até 4 anos de prisão. A aceitação da denúncia pela Primeira Turma do Supremo foi por unanimidade. Os outros quatro magistrados votaram com a relatora, ministra Carmem Lúcia.

A humanidade ficou um pouco mais pobre
Maringá perdeu hoje um brasileiro e uma brasileira que fizeram a diferença nessa nossa vida terrena. O brasileiro é Oésio Pedrosa, pai da saudosa Shirley Moscardi, esposa do meu amigo e irmão de fé Antônio Moscardi, que nos deixou durante a pandemia, vítima da Covid. A brasileira é minha cunhada Abadia Donizeti Paiva, uma mulher de fé e de uma generosidade sem tamanho. Seu Oésio, tio de Clodimar Pedrosa Lô, que morreu nos anos 60 vítima de espancamento por dois coices de mula, que vestiam a gloriosa farda da Polícia Militar, faleceu aos 96 anos. Era pastor, desses que leva o Evangelho ao pé da letra e que não transigia com a picaretagem da fé. Abadia, era uma evangélica verdadeira, que trazia no coração uma bondade do tamanho dos templos que ela frequentava. Abadia, mãe, irmã e esposa dedicada, deixa um legado de desprendimento e entrega que chegava a ser comovente. Seu Oésio, deixa também uma semente que há de ser fecunda, pela humildade e sabedoria no seu mister de pregar a palavra de Deus. Enfim, a humanidade fica um pouco mais pobre com essas duas perdas que me entristeceram profundamente neste sábado de agosto. Que o Senhor onipotente os tenham em bom lugar.
Caso de polícia na Casa do Povo
A Câmara Municipal de Maringá tem uma sala de imprensa que recebe o nome do saudoso Verdelírio Barbosa e é destinada a jornalistas que vão lá para acompanhar as sessões, principalmente quando na pauta de votação está algum projeto de relevância para a cidade. O que não se compreende é como aquele espaço tem se tornado terra de ninguém, sem que se exija do frequentador uma identificação, uma prova mínima de que a pessoa seja da área. Isso explica em certa medida o surgimento repentino de uma exaltada senhora que, se dizendo empresária e revoltada com o que considera perseguição às vereadoras Giselli Bianchini e Cris Lauer (recém-cassada) atacou os comunicadores Clécio Silva, Ligiane Ciola e José Carlos Leonel, aduzindo que “a maioria dos jornalistas são covardes”.
Foi mesmo um caso de polícia, que a presidência do Legislativo Municipal não pode permitir, sob pena de tornar a Casa do Povo numa espécie de casa da mãe joana. O Sindicato dos Jornalistas profissionais do Norte do Paraná e a Federação Nacional dos Jornalistas emitiram nota conjunta repudiando as agressões. Vai aqui o meu protesto, não a essa senhora e às vereadoras pra ela incriticáveis , mas a um padrão de comportamento, que extremistas de direita parecem ter orgulho de cultuar. E o que é pior, sem nenhum constrangimento.
Que o eleitor maringaense fique de olho
Lembram do deputado estadual do Rio de Janeiro TH Joias? Isso mesmo, aquele que postou fotos deitado sobre uma cama de dinheiro, envolvido com o Comando Vermelho. A PEC da blindagem que foi aprovada agora pela Câmara Federal o tiraria da mira da Justiça caso estivesse vigorando. É apenas um pequeno e singelo exemplo do efeito deletério da Proposta de Emenda Constitucional que a ultradireita bolsonarista e o Centrão acabam de colocar para antar no parlamento brasileiro. Acha pouco? Então saiba que esse grupo de parlamentares quer também enfiar goela abaixo da sociedade um projeto de anistia, que perdoa Jair Messias Bolsonaro e as centenas de envolvidos na trama do golpe. A trama que previa, entre outras coisas , matar o presidente e o vice eleitos e o ministro Alexandre de Moraes.
Dá arrepio só de lembrar o episódio de 8 de janeiro de 2023 , que seria o desfecho do golpe de estado que manteria Bolsonaro no Planalto, à custa do assassinato da Democracia e de um banho de sangue que poderia se seguir em todo o território nacional. A esperança dos brasileiros sensatos e verdadeiramente patriotas, é que tanto a PEC quanto a anistia, sejam jogadas na lata de lixo da história pelo Senado da República. Se passarem pela casa revisora, morrerá no STF. Se por um aborto da natureza romper essa última barreira, aí, meu amigo, pode fechar a “lojinha”.
Em tempo: Maringá tem três deputados federais, nenhum do campo progressista. Desses, só Luís Nishimori votou contra a PEC da vergonha. Ricardo Barros e o sargento Fahur, votaram a favor e trabalham pela aprovação do projeto que a bancada bolsonarista tenta emplacar com uma desfaçatez nunca antes vista no Congresso Nacional.

Se assim é que lhe parece
A foto (montada, claro) é uma referência à icônica capa de um LP dos Beatles. John Lennon , Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr atravessam uma faixa de pedestres em Londres para simbolizar a maturidade e a despedida da banda de rock mais famosa do mundo em todos os tempos. Aqui, Carmem Lúcia, Flávio Dino,Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin, celebram não uma despedida, mas o ponto de partida de uma união em favor do Brasil.

Escrito nas estrelas
O texto abaixo foi postado aqui no dia 7. Nada de adivinhação, apenas o óbvio ululante. O placar era previsto,mas até então o ministro Fux surgia como única dúvida. Não houve unanimidade , porém os 4 a 1 estavam escrirtos nas estrelas.
” A 1ª. Turma do STF retoma terça-feira o julgamento dos cabeças da conspiração golpista e o primeiro a votar é o relator do processo , ministro Alexandre de Moraes. “Para evitar novas ameaças às instituições, as punições devem ser exemplares”, explicitará Moraes . Ele deve ser seguido por Flávio Dino e Carmem Lúcia, o que significará maioria. Ao todo, a turma é formada de 5 ministros e a única dúvida que resta sobre a condenação e Luiz Fux. O quinto e último voto será de Cristiano Zanin, presidente da 1ª. Turma. Se não houver unanimidade, o resultado será 4 a 1. Não tem saída, Bolsonaro vai pra Papuda. A pena, segundo cálculos do jurista gaúcho Lenio Streck, será de no mínimo 24 anos”.

