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Confesso que vivi

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“Morre lentamente quem se torna escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos… Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru… Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói sua autoestima, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem passa os dias reclamando da má sorte ou da chuva incessante. Evitemos a morte em suaves quotas, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples ato de respirar…”

. Pablo Neruda (1904-1973).

A biografia tóxica de um político tóxico

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A experiente colunista política Dora Kramer ( Folha de S.Paulo) faz uma retrospectiva interessante, que leva o seu leitor a entender um pouco da cabeça de Jair Messias Bolsonaro. A história desse personagem tóxico da política brasileira, é assim resumida pela jornalista: “Em 1986 ele era cabo do Exército e foi preso por 15 dias por atos de indisciplina relacionados à reinvindicação por aumento de salário. No ano seguinte apareceu como autor de um plano para explodir bombas em quarteis pelo mesmo motivo. Foi julgado, condenado e depois absolvido pelo Superior Tribunal Militar, quando passou para a reserva como capitão. De cabo a capitão em pouco mais de um ano é algo impossível de acontecer. Mas ele fez mais na democracia brasileira. Entrou para a política e, anos depois, de deputado federal anônimo, chegou a presidente da República. Se ficasse como “cabo”, poderia chegar a subtenente e ido para a reserva no anonimato, deixando o Brasil um pouco menos espantado”.

Ele não viveu para ver o que tinha previsto

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Nunca é demais lembrar  Gustavo Bebiano, braço direito do presidente Bolsonaro no início do governo e que depois se desentendeu com o clã.  Não demorou e foi enxotado do Palácio do Planalto. Depois, com o coração cheio de justa mágoa, mandou um recado para seu ex-amigo e presidente Jair Messias: “ Tenho um celular com mensagens que se vier a público estremece a Praça dos Três Poderes”.  O celular, claro, não estava em poder dele, Bebiano o havia deixado com um amigo que mora nos Estados Unidos. Meses depois ele morreu, de infarto segundo o laudo médico. Amigos e familiares estranharam, já que Bebiano não tinha problemas cardíacos, praticava esporte e gozava de saúde de ferro.

 Estou lembrando da morte de Gustavo Bebiano, como lembrei também do mistério que ainda cerca as mortes de João Goulart e Juscelino Kubistchek , por causa da ameaça de envenenamento do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e da execução à bala,  do então presidente do TSE , ministro Alexandre de Moraes. Bebiano sabia muito e o tal celular que ele disse que tinha , nunca apareceu. Se isso estivesse acontecido, Bolsonaro já estaria preso.

Carta aberta à vereadora Giselli Bianchini

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Senhora vereadora, antes de mais nada, parabéns pela vitória nas urnas. Como perguntar não ofende, me atrevo a fazer umas perguntinhas básicas, oportunas dado o momento político que vivemos no país. Será que a nobre edil, eleita para o seu primeiro mandato, continua pensando que Bolsonaro seria a solução para o Brasil, se mantido no poder por meio de um golpe de estado sangrento, como ficou claro no curso das investigações da Polícia Federal? Sei que a senhora defende a democracia, mas que democracia é essa? A do discurso de ódio, da homofobia, do sexismo, do racismo e da síndrome de Caco Antibes ?

Espero que tenha mudado sua forma de pensar, de achar que o lema “ Deus , pátria e família”  seja  coisa de cristão patriota. O eleitor tem todo o direito de escolher quem quiser, ainda que tenha dificuldade de juntar lé com cré. A  democracia , todos sabem, pressupõe bom senso e  civilidade. Pressupõe sobretudo a convivência pacífica entre os diferentes. Pressupõe saber que feliz é o povo que se respeita mutuamente, independente da ideologia, da religião e da opção sexual de cada  cidadão e cidadã.

Não sou menos brasileiro e menos patriota do que ninguém,  só porque me recuso a sair por aí ostentando  verde e amarelo,  em autêntica usurpação dos símbolos nacionais. Pode acreditar : na condição de maringaense que há mais de meio século escolheu essa cidade para viver e aqui constituir família, desejo, de coração, que a senhora possa fazer um mandato profícuo, sobretudo de total apego à democracia e apreço pela ciência. Com perdão da metáfora já desbotada pelo excesso de uso, nunca é tarde para reconhecer que a terra é redonda.

A farsa poderia ter se repetido como tragédia

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Tomando café com um amigo no balcão da Açucapê, ouvi um cidadão ao lado comparar a intentona fascista, que planejava matar Lula, Alckmin e Moraes, à Intentona Comunista de  1935. Nada a ver, porque esta de agora  foi real, com provas consistentes da preparação do golpe que seria antecedido e precedido de um verdadeiro massacre. Aquela era uma revolta de marxistas, apoiados por militares sublevados , contra a  ditadura do Estado Novo. Ali não havia qualquer possibilidade de revolução ou contragolpe. No caso presente, era concreta a articulação de um golpe de estado que, em nome  de uma falsa liberdade e de um patriotismo cabotino,  planejava  depor um presidente eleito e promover um banho de sangue no país.

Em comum, havia o discurso do medo do comunismo, que na época aterrorizou a população desinformada e que hoje soa como ridículo, já que só os imbecis acreditam em tal ameaça. Só lembrando que no caso de 35, o clima de medo quanto a uma revolução vermelha, foi criado por um falso plano, o tal Plano Cohen, elaborado pelo chefe da polícia política de Getúlio Vargas, Filinto Müller, para justificar as prisões arbitrárias e a tortura dos prisioneiros. Certamente, a farsa da Intentona Comunista poderia se repetir 87 anos depois, mas como tragédia.

É pacabá

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Incrível, a Jovem Pan defende Bolsonaro no caso escabroso da tentativa de assassinar Lula,  Alkmin  e Alexandre de Moraes. Os apresentadores do tal Pingo nos iis dão a exata dimensão do lixo que é esta rede nacional de televisão. Eles dizem, abusando, do sofisma canalha, que os militares diretamente envolvidos devem ser presos, “caso tudo isso seja mesmo verdade”. Que jornalismo é esse? Lixo? Pensando bem, é injusto chamar isso de lixo. Injusto com o lixo.

Foi um livramento

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Foi estarrecedor o resultado da Operação Contragolpe revelado ao país nesta terça-feira. O plano diabólico que envolvia até generais do Exército previa o assassinato do presidente Lula e do vice Alckmin, além do presidente do TSE, Alexandre de Moraes. Tivesse a tentativa de golpe logrado êxito, uma  verdadeira carnificina seria  automática. Fico imaginando o clima de medo que o  bolsonarismo imporia ao país. Foi por muito pouco que o Brasil não caiu na armadilha.

A guerra como prioridade

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A doação de Biden à Amazônia (US$ 50 milhões) equivale ao envio de um dia de armas a Israel. (Jamil Chade)

6×1 x 4×3 reacende um debate necessário

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A contenda capital x trabalho que Michel Temer tentou sufocar com uma reforma trabalhista mandrake está de volta. A discussão sobre a escala 6×1 (seis dias de trabalho por um de descanso) coloca em xeque o modelo trabalhista calcado no neoliberalismo. Temer, o vampiro brasileiro, atuou como verdadeiro longa manus no projeto de destruição da representação classista. Conseguiu em parte, porque a insegurança jurídica dos trabalhadores predomina nas relações empregado-patrão. E os sindicatos obreiros perderam musculatura e ficaram impotentes até para atuar nos processos rescisórios. Hoje, o empregado demitido fica à mercê do RH da empresa, inseguro quanto ao recebimento do seus direitos trabalhistas quando a demissão chega.

Só lembrando que a reforma trabalhista mandou pra longe a discussão naquele momento existente sobre a redução da jornada de trabalho das atuais 44 para 40 horas semanais. Claro que a escala 4×3 proposta pela deputada Erika Hilton é inviável, porém o projeto está servindo pelo menos para colocar o debate das relações de trabalho de novo no centro da roda.

Adeus anistia

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Todos os caminhos da investigação sobre o 8 de janeiro leva a Bolsonaro. Há provas fartas e consistentes da tentativa de golpe, da violação criminosa da Constituição Cidadã. A depredação das sedes dos três poderes foi uma coisa chocante. As imagens do vandalismo político-ideológico  correu mundo e não teve um só democrata em todo o Planeta que não tenha se indignado com aquela barbárie. Passados quase dois anos, vários envolvidos foram condenados e presos, mas o cabeça principal do golpismo não foi ainda sequer transformado em réu pela Suprema Corte. Agora é que a Procuradoria Geral da República vai formalizar as primeiras denúncias, o que pode finalmente abrir o caminho para a punição compatível com a gravidade do crime.

Bolsonaro vinha lutando com todas as suas forças para pressionar o STF a suspender a inelegibilidade, ao mesmo tempo em que seus aliados no Câmara dos Deputados tentavam enfiar goela abaixo do parlamento um projeto de anistia. Mas o atentado a bomba contra o prédio da Suprema Corte em que morreu o detonador, colocou água no chope do bolsonarismo.